O rio Teles Pires está morrendo!
O destino deste rio formador da bacia do Tapajós e um dos principais afluentes do rio Amazonas já está anunciado desde o ciclo desenvolvimentista e corrupto da ditadura cívico militar. Os projetos de infraestrutura, sobretudo de hidrelétricas, que agora, décadas depois mostram-se devastadores em seus impactos, estão transformando um rio conhecido por suas corredeiras em um imenso lago. Este processo muda e destrói vidas. Amplia conflitos sociais e deixa um rastro de crimes ao longo dos anos.
O Teles Pires é o rio com maior número de grandes hidrelétricas na Amazônia. Foram construídas quatro usinas, que em 2019 passaram a funcionar todas juntas. As hidrelétricas Sinop (462 MW/h), Colíder (342 MW/h), Teles Pires (1.800 MW/H) e São Manoel (746 MW/h) barram o Teles Pires, hoje. Além do complexo de usinas construídas, são planejadas para o rio Teles Pires outras três grandes usinas: UHE Foz dos Apiacás; UHE Salto Apiacás e UHE Magessi.
Neste contexto, afirmamos que o Teles Pires é o rio mais impactado por barragens na Amazônia por possuir quatro grandes empreendimentos construídos ao longo de seu curso. Não queremos criar uma lista da classificação do que seria o pior ou melhor cenário de impactos na nossa região. Queremos chamar atenção para este cenário de destruição e violações de direitos para fortalecer as ações de resistência que fazem com que esse território siga vivo.
As políticas implementadas pelo setor do Agronegócio junto aos Governos Estaduais e Federal “passam a boiada” na legislação ambiental. A Câmara dos Deputados aprovou em maio de 2021 o Projeto de Lei 3729 que flexibiliza o licenciamento ambiental. Uma medida que faz parte do pacote de destruição do Governo, que busca legalizar crimes socioambientais na Amazônia.
Os projetos de infraestrutura construídos no Teles Pires somados com os projetos previstos para a região do Juruena, em Mato Grosso, são a porta de entrada para as grandes hidrelétricas no Tapajós e outros grandes empreendimentos.
Portanto a necessidade de uma reavaliação desses projetos, a partir da luta dos atingidos pelas barragens, é a única forma de responsabilizar empreendimentos e governos pelos crimes cometidos e que pode possibilitar a mitigação de parte dos impactos negativos causados com a instalação desses empreendimentos.
São esses atingidos mobilizados que têm se esforçado para que o rio Teles Pires não se torne um imenso cemitério aquático e siga vivo.
E por isso afirmamos: TELES PIRES RESISTE!