Em novembro de 2010, cerca de 350 pessoas protestaram pelas ruas do município de Sinop, em Mato Grosso, para buscar impedir a morte do rio Teles Pires. Este foi o primeiro ato público do Fórum Teles Pires, que nasceu depois da realização de um seminário chamado “Amazônia em Debate: Compromissos das Universidades Públicas e Movimentos Sociais”, realizado naquele município entre os dias 10 e 12 de novembro.
A criação do Fórum foi feita para articular as mobilizações sociais de movimentos, sindicatos, associações, universidades, instituições, coletivos e pessoas contra a construção do complexo de hidrelétricas previstos para o rio Teles Pires. Naquele momento, 21 organizações sociais estavam mobilizadas e o Movimento dos Atingidos por Barragens de Mato Grosso (MAB/MT) articulava esta rede coletiva pela garantia do direitos das pessoas atingidas e impedir a construção do complexo. Apenas na região do rio Teles Pires e por toda a bacia do Tapajós, estão planejadas 29 grandes usinas e 80 pequenas barragens. Cerca de um milhão de pessoas, que vivem na região incluindo 10 povos indígenas serão diretamente impactadas.
Em novembro de 2010, cerca de 350 pessoas protestaram pelas ruas do município de Sinop, em Mato Grosso, para buscar impedir a morte do rio Teles Pires. Este foi o primeiro ato público do Fórum Teles Pires, que nasceu depois da realização de um seminário chamado “Amazônia em Debate: Compromissos das Universidades Públicas e Movimentos Sociais”, realizado naquele município entre os dias 10 e 12 de novembro.
A criação do Fórum foi feita para articular as mobilizações sociais de movimentos, sindicatos, associações, universidades, instituições, coletivos e pessoas contra a construção do complexo de hidrelétricas previstos para o rio Teles Pires. Naquele momento, 21 organizações sociais estavam mobilizadas e o Movimento dos Atingidos por Barragens de Mato Grosso (MAB/MT) articulava esta rede coletiva pela garantia do direitos das pessoas atingidas e impedir a construção do complexo. Apenas na região do rio Teles Pires e por toda a bacia do Tapajós, estão planejadas 29 grandes usinas e 80 pequenas barragens. Cerca de um milhão de pessoas, que vivem na região incluindo 10 povos indígenas serão diretamente impactadas.
Para contar esse histórico de resistências da região precisamos voltar um pouco mais no tempo. A ocupação da região do rio Teles Pires, entre os estados de Mato Grosso e Pará, remonta a milhares de anos antes da invasão portuguesa, como apontam estudos arqueológicos, e indicam uma extensa rede de trocas e comunicação, por toda a bacia do Tapajós, envolvendo seus rios formadores: o Teles Pires e o Juruena.
Os povos Kayabi, Apiaká e Munduruku atualmente vivendo nas margens do rio Teles Pires são remanescentes desse período. Ao longo dos séculos XIX e XX, com a intensificação das invasões, a dinâmica dos povos indígenas da região foi fortemente afetada.
Para contar esse histórico de resistências da região precisamos voltar um pouco mais no tempo. A ocupação da região do rio Teles Pires, entre os estados de Mato Grosso e Pará, remonta a milhares de anos antes da invasão portuguesa, como apontam estudos arqueológicos, e indicam uma extensa rede de trocas e comunicação, por toda a bacia do Tapajós, envolvendo seus rios formadores: o Teles Pires e o Juruena.
Os povos Kayabi, Apiaká e Munduruku atualmente vivendo nas margens do rio Teles Pires são remanescentes desse período. Ao longo dos séculos XIX e XX, com a intensificação das invasões, a dinâmica dos povos indígenas da região foi fortemente afetada.
Nos anos 1960 e 1970, com o agravamento dos conflitos e a operação Kayabi, dos sertanistas Orlando e Claudio Villas-Bôas (1960 e 1966), houve a retirada de uma parte dos indígenas de seu território original, onde eram ameaçados por seringalistas, e os deslocou para o Parque Indígena do Xingu.
Em 1982, parte da demarcação da Terra Indígena Kayabi foi concluída. Os três povos que vivem na região ainda lutam para a conclusão do processo demarcatório de suas terras no Supremo Tribunal Federal e são atingidos diretos do complexo de hidrelétricas do Rio Teles Pires. Parte da Terra é reivindicada na justiça pelo estado de Mato Grosso com base na tese do Marco Temporal.
Nos anos 1960 e 1970, com o agravamento dos conflitos e a operação Kayabi, dos sertanistas Orlando e Claudio Villas-Bôas (1960 e 1966), houve a retirada de uma parte dos indígenas de seu território original, onde eram ameaçados por seringalistas, e os deslocou para o Parque Indígena do Xingu.
Em 1982, parte da demarcação da Terra Indígena Kayabi foi concluída. Os três povos que vivem na região ainda lutam para a conclusão do processo demarcatório de suas terras no Supremo Tribunal Federal e são atingidos diretos do complexo de hidrelétricas do Rio Teles Pires. Parte da Terra é reivindicada na justiça pelo estado de Mato Grosso com base na tese do Marco Temporal.
O processo de colonização da região do Teles Pires tem outro marco entre as décadas de 1950 e 1960. Neste período, projetos de estímulo de fluxos migratórios para a região amazônica foram implementados, pelo Governo Federal com apoio do mercado internacional, com objetivo de ampliar a exploração agropecuária, dos recursos minerais e florestais também.
O município de Sinop é um exemplo desta política. O nome vem da junção das siglas da empresa que idealizou o processo de colonização da década de 1970: Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop). Grande parte do processo de colonização foi feito por empreendimentos da região Sul do país.
Estas políticas de colonização foram desenvolvidas em paralelo aos grandes projetos de infraestrutura previstos para a região. Ainda no período da ditadura civil-militar, em 1980, com o início dos estudos para implementação dos projetos das hidrelétricas, o modo de vida dessas comunidades passou a sofrer forte impacto decorrente das falhas e atropelos dos processos referentes aos projetos hidrelétricos.
O processo de colonização da região do Teles Pires tem outro marco entre as décadas de 1950 e 1960. Neste período, projetos de estímulo de fluxos migratórios para a região amazônica foram implementados, pelo Governo Federal com apoio do mercado internacional, com objetivo de ampliar a exploração agropecuária, dos recursos minerais e florestais também.
O município de Sinop é um exemplo desta política. O nome vem da junção das siglas da empresa que idealizou o processo de colonização da década de 1970: Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop). Grande parte do processo de colonização foi feito por empreendimentos da região Sul do país.
Estas políticas de colonização foram desenvolvidas em paralelo aos grandes projetos de infraestrutura previstos para a região. Ainda no período da ditadura civil-militar, em 1980, com o início dos estudos para implementação dos projetos das hidrelétricas, o modo de vida dessas comunidades passou a sofrer forte impacto decorrente das falhas e atropelos dos processos referentes aos projetos hidrelétricos.
Não é apenas o tipo de projeto perpetrado pelo complexo de hidrelétricas que conta com a morte do rio Teles Pires. O projeto mais ousado de hidrovia do Brasil, para ampliar o escoamento de grãos do setor do agronegócio para o exterior, é a “Hidrovia Teles Pires Tapajós”. Uma ação que depende da construção de mais hidrelétricas ao longo do rio, que era conhecido por suas corredeiras e cachoeiras e que está se tornando um grande lago.
Os projetos de infraestrutura construídos no Teles Pires somados com os projetos previstos para a região do rio Juruena são a porta de entrada para as grandes hidrelétricas no Tapajós. Mostrando assim, que o assassinato de um rio é feito por um conjunto de projetos de exploração.
Não é apenas o tipo de projeto perpetrado pelo complexo de hidrelétricas que conta com a morte do rio Teles Pires. O projeto mais ousado de hidrovia do Brasil, para ampliar o escoamento de grãos do setor do agronegócio para o exterior, é a “Hidrovia Teles Pires Tapajós”. Uma ação que depende da construção de mais hidrelétricas ao longo do rio, que era conhecido por suas corredeiras e cachoeiras e que está se tornando um grande lago.
Os projetos de infraestrutura construídos no Teles Pires somados com os projetos previstos para a região do rio Juruena são a porta de entrada para as grandes hidrelétricas no Tapajós. Mostrando assim, que o assassinato de um rio é feito por um conjunto de projetos de exploração.
Ao longo das últimas três décadas, diversos movimentos sociais, sindicatos e associações comunitárias foram se organizando na região para lutar pelo direito das pessoas que vivem ao longo do Teles Pires. Com o avanço dos projetos hidrelétricos, o Fórum Teles Pires foi criado para dar continuidade às lutas sociais na região promovendo mobilizações, atividades de monitoramento independente, formações, estudos, dossiês, denúncias, encontros, materiais de comunicação e informativos.
O Teles Pires é hoje o rio com maior número de grandes hidrelétricas em operação na Amazônia. Foram construídas quatro usinas, que desde 2019 passaram a funcionar todas juntas. As hidrelétricas Sinop (462 MW/h), Colíder (342 MW/h), Teles Pires (1.800 MW/H) e São Manoel (746 MW/h) barram o rio que é um dos formadores da Bacia do Tapajós.
Independente da magnitude do projeto, os contextos políticos são fatores chave no processo de avaliação dos impactos. Locais cujas características conferem alta vulnerabilidade, seja ambiental, social e/ou econômica, estão sujeitos a impactos mais intensos, como é o caso da Amazônia.
Ao longo das últimas três décadas, diversos movimentos sociais, sindicatos e associações comunitárias foram se organizando na região para lutar pelo direito das pessoas que vivem ao longo do Teles Pires. Com o avanço dos projetos hidrelétricos, o Fórum Teles Pires foi criado para dar continuidade às lutas sociais na região promovendo mobilizações, atividades de monitoramento independente, formações, estudos, dossiês, denúncias, encontros, materiais de comunicação e informativos.
O Teles Pires é hoje o rio com maior número de grandes hidrelétricas em operação na Amazônia. Foram construídas quatro usinas, que desde 2019 passaram a funcionar todas juntas. As hidrelétricas Sinop (462 MW/h), Colíder (342 MW/h), Teles Pires (1.800 MW/H) e São Manoel (746 MW/h) barram o rio que é um dos formadores da Bacia do Tapajós.
Independente da magnitude do projeto, os contextos políticos são fatores chave no processo de avaliação dos impactos. Locais cujas características conferem alta vulnerabilidade, seja ambiental, social e/ou econômica, estão sujeitos a impactos mais intensos, como é o caso da Amazônia.
Mato Grosso e Pará, estados onde o complexo foi formado, possuem uma história política dominada por setores do Agronegócio e da Mineração, que refletem em baixos índices de desenvolvimento humano e grande histórico de corrupção.
Em 2017 um estudo feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em conjunto com o Fórum Teles Pires, demonstra um agravamento das violências nos municípios. Os dados e indicadores demonstram que a realidade é diferente da propaganda desenvolvimentista para esses territórios onde os empreendimentos são instalados.
Os números de homicídios, crimes de lesão corporal e estupros cresceram nas cidades onde o complexo de hidrelétricas foi instalado, na região do Teles Pires, em cidades como Alta Floresta, Sinop e Paranaíta. Esse mesmo “padrão” no aumento da violência ocorre em outros locais, demonstrando que não existem casos isolados.
Com Belo Monte, Altamira deveria ser uma cidade modelo de desenvolvimento, mas está no primeiro lugar como município mais violento do Brasil, segundo dados do Atlas da Violência 2017, do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA). Há dez anos, antes das construções, a cidade nem aparecia na lista das mais violentas do país.
Um dossiê produzido pelo Fórum Teles Pires, em 2017, evidencia uma série de atropelos no licenciamento ambiental e os impactos sociais e ambientais que vêm acontecendo na região devido a construção da barragem dentro das comunidades indígenas que vivem nas margens do Teles Pires. Famílias que perderam suas terras para a hidrelétrica de Sinop alegam terem sido coagidas pela Companhia Energética Sinop (CES), que tem como acionista majoritária a estatal francesa Electricité de France (EDF) e ainda esperam por uma indenização justa.
Mato Grosso e Pará, estados onde o complexo foi formado, possuem uma história política dominada por setores do Agronegócio e da Mineração, que refletem em baixos índices de desenvolvimento humano e grande histórico de corrupção.
Em 2017 um estudo feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em conjunto com o Fórum Teles Pires, demonstra um agravamento das violências nos municípios. Os dados e indicadores demonstram que a realidade é diferente da propaganda desenvolvimentista para esses territórios onde os empreendimentos são instalados.
Os números de homicídios, crimes de lesão corporal e estupros cresceram nas cidades onde o complexo de hidrelétricas foi instalado, na região do Teles Pires, em cidades como Alta Floresta, Sinop e Paranaíta. Esse mesmo “padrão” no aumento da violência ocorre em outros locais, demonstrando que não existem casos isolados.
Com Belo Monte, Altamira deveria ser uma cidade modelo de desenvolvimento, mas está no primeiro lugar como município mais violento do Brasil, segundo dados do Atlas da Violência 2017, do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA). Há dez anos, antes das construções, a cidade nem aparecia na lista das mais violentas do país.
Um dossiê produzido pelo Fórum Teles Pires, em 2017, evidencia uma série de atropelos no licenciamento ambiental e os impactos sociais e ambientais que vêm acontecendo na região devido a construção da barragem dentro das comunidades indígenas que vivem nas margens do Teles Pires. Famílias que perderam suas terras para a hidrelétrica de Sinop alegam terem sido coagidas pela Companhia Energética Sinop (CES), que tem como acionista majoritária a estatal francesa Electricité de France (EDF) e ainda esperam por uma indenização justa.
Desde 2015, o Fórum Teles Pires passou a desenvolver ações de monitoramento independente de impactos das hidrelétricas com intuito de fortalecer as lutas por direitos na região das comunidades atingidas.
Em 2022, o MAB/MT e a associação indígena do povo Munduruku DACE buscam fortalecer as mobilizações sociais pela proteção do Teles Pires e responsabilizar as violações cometidas pelo complexo das hidrelétricas que operam de forma simultânea no rio.
Desde 2015, o Fórum Teles Pires passou a desenvolver ações de monitoramento independente de impactos das hidrelétricas com intuito de fortalecer as lutas por direitos na região das comunidades atingidas.
Em 2022, o MAB/MT e a associação indígena do povo Munduruku DACE buscam fortalecer as mobilizações sociais pela proteção do Teles Pires e responsabilizar as violações cometidas pelo complexo das hidrelétricas que operam de forma simultânea no rio.
Nesta seção do Teles Pires Resiste destacamos as trajetória de lutas sociais da região. São esses atingidos mobilizados que têm se esforçado para que as vidas ao longo do não sejam destruídas e fiquem invisibilizadas para garantir as atividades econômicas que geram apenas degradação para a região e as populações dependentes do meio ambiente.
Nesta seção do Teles Pires Resiste destacamos as trajetória de lutas sociais da região. São esses atingidos mobilizados que têm se esforçado para que as vidas ao longo do não sejam destruídas e fiquem invisibilizadas para garantir as atividades econômicas que geram apenas degradação para a região e as populações dependentes do meio ambiente.